Chris Wroblewski é um fotografo inglês, nascido em Londres, que começou a se interessar em fotografar tatuagens em 1976 e para quem iniciou seu envolvimento com a tatuagem atraves dos anos 80 e 90, é um personagem conhecido e um grande divulgador da arte da tatuagem artística do seculo XX.
O primeiro livro de Wroblewski a chegar por aqui foi Tattoo (1984), com sua incrível capa, uma punk de moicano com um tribal de borneo na lateral da cabeça, tribal esse repetido inumeras vezes em provavelmente todo ou quase todo estúdio de tatuagem, inclusive no meu braço!
O livro é recheado de fotos de artistas seminais da tatuagem,como Ed Hardy, Cliff Raven, Freddy Negretti, Filip Leu, Lal Hardy, Erno, Greg Irons entre outros, alguns ensaiando seus primeiros passos e outros clássicos já consagrados, além de inúmeras citações colecionadas de livros ou em primeira pessoa. Tem até uma foto clássica de Micky Sharpz tatuando Marco Leone!
No inicio dos anos 90 ele lança o primeiro livro do que viria a se tornar a série mais famosa de livros de tatuagem de um mesmo autor, Skin Shows.
Quando sai o primeiro livro da série, em junho de 1991, com um trabalho da californiana Kari Barba na capa, na escola do neo oriental (Ed Hardy, The Dutchmann, entre outros) que salta aos olhos, tanto pela qualidade da tatuagem quanto ao enquadramento e dramaticidade da linguagem fotográfica de Wroblewski.
O livro é rapidamente difundido entre tatuados e tatuadores mundo afora, inclusive no Brasil.
Neste primeiro exemplar, podemos observar o inicio da linguagem que ficou característica de seus livros, fotos de
tatuagens artísticas exclusivas, close-ups dos corpos tatuados criando imagens instigantes aonde não se veem nem o tatuado e nem a tatuagem por completo, além de diversos estúdios e formas de se tatuar, inclusive nas ruas e tribos.
Nesse volume podemos nos deleitar com trabalhos de tatuadores hoje consagrados como Yoshito “Horiyoshi III ” Nakano, Filip Leu, Kari Barba, Leo Zulueta, Bill Salmon, Greg Kullz, Dutchman, Lal Hardy, Jack Rudy, Bernie Luther entre outros.
No mesmo ano sai Skin Shows II, com fotos cativantes de estúdios de tatuagens com desenhos do chão até o teto, close-ups de tatuagens indianas feitas na rua, assim como de tatuadores europeus em ação com suas maquinas elétircas e cores brilhantes, além de muita arte tribal.
No volume 3, mais e mais fotos de tatuagens tribais, tradicionais e contemporêneas, inclusive com reproduções de recortes de jornal do começo do seculo XX até jornais brasileiros e desenhos do tambem brasileiro Mauricio Teodoro.
O volume 4 saiu em 1995, a tatuagem já começava a experimentar suas expansão artística nos EUA e Europa, e o livro de Wroblewski desta vez nos leva a tribos dos mares do sul com seus trabalhos contemporaneos; não só as ilustrações dos antigos relatos de viajantes do seculo XIX, que até o redescobrimento das culturas polinésias era o único registro desta prática(além de Wroblewski, Trishia Allen, tem grande influência no redescobrimento da tatuagem polinésia ),além de monges tailandeses e desenhos de Filip Leu, Mauricio Teodoro e pinturas conjuntas de Spider Webb e Mick ( alguns anos antes do experimento Art Fusion de Paul Booth).
Em seus mais de 15 livros, Wroblewski nos leva aos 4 cantos do mundo, apresentando a tatuagem de todas as formas, atento em mostrar as mais diversas tecnicas primitivas de tatuagem que ainda resistem até os nossos dias (mesmo sabendo através de alguns outros aventureiros mais contemporaneos que ainda serão abordados em nosso blog,que algumas culturas e suas práticas podem vir a sumir do planeta, por uma série de motivos que vem com a globalizçao da cultura),através de estúdios de tatuagem da primeira metade do século,com seus “flashes” forrando as paredes o chão até o teto (desenhos que existem desde sempre para servir como fonte de idéia ou até mesmo servindo para a própria tatuagem, no Brasil, o hoje praticamente abandonado “desenho de catalogo”) a tatuadores de rua na India, passando por samoanos fazendo seu tatau em pedras no meio da floresta ou de frente para o mar, caçadores de cabeça de Borneo com seus crânios “premiados”, monges budistas tatuando com suas longas varetas, além de tatuadores que hoje se sabe, foram indiscutivelmente muito importantes para o desenvolvimento da tatuagem artistica, de criação exclusiva, para cada cliente, ao patamar que hoje nos encontramos.
Podemos dizer que Chris estava nos lugares certos, na hora certa, com as pessoas e as atitudes corretas, criando assim um corpo de trabalho que ainda hoje pode mostrar de onde veio e para onde iria a tatuagem contemporanea, indicando diversos caminhos que seriam trilhados até os estilos presentes nos dias de hoje.
Chris Wroblewski continua em plena atividade e em seu site (www.chriswroblewski.com) podem ser comprados e-books dos seus mais novos lançamentos que incluem um livro sobre tatuagens (um registro da vida de um tatuador de Hong Kong), um sobre os fotógrafos de lambe-lambe pelo mundo (prática em desuso, já inexistente nas ruas de nossas grandes cidades), um sobre os transexuais da India e Tailandia alem de um filme sobre tatuagem que cobre todo o período dos livros Skin Shows..
Qualquer aspirante a tatuador ou artista que tenha nascido após 1994 deve ter em sua coleção de um ou mais exemplares dos livros de Chris Wroblewski (ou ao menos o Skin Shows:the Tattoo Bible, que é uma coletanea de imagens dos diversos volumes de Wroblewski) para tentar entender de onde veio e para aonde gostaria de ir, num tempo em que a informação é enorme, mas nem sempre bem assimilada.
Mano muito obrigado pela história pois comecei a tatuar por causa desse cara. E na época e até hoje eu imaginava que ele era o tatuador, mais agora com essa bela explicação as coisas ficaram mais claras para mim, e hoje resolvi procurar por esse cara pois me lembrei de um desenho que marcou muito para mim que é de um samurai no cavalo nas costas de uma pessoa. Se tiver essa imagem peço por favor enviar no meu e-mail. Grato